No México não há lei que regule o bitcoin por medo de causar "prejuízos" ao sistema financeiro 

Não há lei no México que regule o bitcoin por medo de causar "danos" ao sistema financeiro - fundo de notas de peso mexicano 47779042Medo, ignorância e incerteza são os aspectos que impediram o México de ter um marco regulatório focado no bitcoin (citação BTC) e todo o seu ecossistema, que abre brechas entre a sociedade e a nova economia digital.

Isso é o que sugere a contadora e entusiasta do bitcoin Vanessa Solís Caballero. Para ela, os reguladores no México temem que uma estrutura regulatória possa de alguma forma ameaçar ou prejudicar o sistema financeiro do país, o que não necessariamente acontece, disse ela.

"Existem exemplos em que uma regulamentação pode ou não prejudicar o sistema financeiro", disse Solís. “Queremos que as medidas saibam como trabalhar com ativos digitais”, disse.

Solís, que participou da conversa sobre a lei das fintechs e o papel dos reguladores no Fórum Bitcoin, organizado pelo Senado mexicano, ressaltou que em seu país, mesmo existindo o referido documento legislativo e outros relacionados a impostos, não há nada claro sobre o uso de criptomoedas.

Rebeca Álvarez argumenta que a lei fintech do México é insuficiente. Fonte: Facebook.

"Há ignorância, medo, incerteza, e é por isso que se cria a distância", criticou. "Mas há países que, sem precisar comprometer o sistema financeiro, criaram marcos regulatórios", disse.  

Por isso, acredita ser importante adequar a legislação vigente à nova economia.  

“Estamos em uma área de incerteza e precisamos de certeza, e isso será previsto pelas leis, fazendo com que elas se apliquem a todos. Somos fãs da descentralização, mas as pessoas que estão fazendo as coisas direito, que não estão lavando dinheiro e estão usando ativos para melhorar as transações aproveitando a tecnologia, querem ser regulamentadas, mas não sabem como "- Vanessa Solís Caballero, contador e entusiasta bitcoin.  

Lei de fintech não é suficiente 

Rebeca Álvarez, sócia-diretora do escritório de advocacia Loxical, que trabalha com novas tecnologias, também participou do painel. Sugere que a regulamentação do ecossistema Bitcoin no México é “sistemática” e que a lei Fintech não cobre todo o espectro de criptomoedas, tornando-a “insuficiente”. 

Ele destaca que, em seus primórdios, a legislação, que qualificou de paternalista, baseava-se em proteger os usuários das empresas, evitando riscos para as pessoas que usam as novas tecnologias para pagar e consumir.  

No entanto, e quando há um boom na utilização destes bens no país centro-americano, o advogado convida as autoridades a participar na discussão para regular a sua utilização. “É importante que existam os legisladores, o setor público e os juízes. Sem esses três elementos, o sistema jurídico mexicano não pode funcionar”, alertou. 

“Convidamos o diálogo para gerar confiança entre os legisladores nesta tecnologia. Não podemos continuar sem esse problema”, disse. “Mesmo que conceitos claros, amplos e flexíveis sejam definidos e que sigam modelos de negócios focados em criptomoedas”, acrescentou.  

Reforma legal em andamento 

O que os entusiastas do mercado mencionaram retrata a proposta da senadora mexicana Indira Kempis, que propõe uma reforma monetária legal abrangente, o que implicaria, entre outras coisas, fazer dinheiro fiduciário do bitcoin. Este foi um anúncio que ele fez durante a Bitcoin Conference 2022.

Em 6 de abril, a legislatura introduziu algumas iniciativas de reforma legal, nenhuma das quais mencionou bitcoin ou qualquer outro ativo digital. Em detalhes, foi uma reforma da lei monetária e, como Kempis apontou, um primeiro passo antes de finalmente propor a lei sobre Bitcoin.  

No entanto, o Banco Central do México propôs lançar uma moeda digital do banco central (CBDC), já em 2024, para alavancar a tecnologia para esse novo tipo de dinheiro.  

Assim, o debate no México está aberto e resta apenas ver como os eventos se desenrolarão, em que se verá se a centralização da CBDC prevalecerá sobre os benefícios do Bitcoin ou, inversamente, a descentralização acabará sendo preferida.