FMI pede que El Salvador pare de usar Bitcoin como moeda fiduciária

FMI pede que El Salvador pare de usar Bitcoin como moeda fiduciária - FMIO Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu na terça-feira que El Salvador abandone a criptomoeda altamente volátil Bitcoin como moeda legal e regule a carteira eletrônica que o governo empurrou em todo o país, citando "grandes riscos" representados pela criptomoeda.

El Salvador resiste

O país latino-americano tornou-se em setembro o primeiro país do mundo a adotar o dinheiro digital, permitindo que os consumidores o usem em todas as transações, juntamente com o dólar americano.

O apelo do FMI veio quando a criptomoeda caiu de valor, desfazendo grande parte dos ganhos que havia obtido durante um aumento recorde de valor no ano passado.

A equipe do FMI pediu anteriormente ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que reconsiderasse colocar o Bitcoin no centro das finanças de seu país.

O último pronunciamento usou uma linguagem muito mais forte e veio do conselho do FMI, composto por representantes de governos membros, incluindo os Estados Unidos.

O conselho "instou as autoridades a restringir o escopo da lei do Bitcoin, removendo o status fiduciário do Bitcoin", disse o FMI em comunicado.

Eles "apontaram que há grandes riscos associados ao uso do Bitcoin na estabilidade financeira, integridade financeira e proteção do consumidor" e com a emissão de títulos lastreados em Bitcoin.

Em resposta, o ministro do Tesouro de El Salvador, Alejandro Zelaya, destacou o acordo do FMI de que aumentar a inclusão financeira é importante e que uma carteira eletrônica poderia ajudar, ao qual acrescentou via Twitter: “Parece funcionar para a inclusão financeira, mas não deve ser feito. O futuro não espera ninguém. #Bitcoin".

O Bitcoin foi negociado a cerca de US$ 37.000 na terça-feira, tendo perdido cerca de metade de seu valor em relação ao recorde de US$ 67.734 em novembro.

'Cidade Bitcoin'

O Bitcoin subiu de valor em 2021, quando Wall Street mostrou um apetite crescente por criptomoedas, como os tweets controversos do chefe da Tesla (Ações da Tesla - ticker TLSA) Elon Musk em ativos digitais ajudou o mercado a subir e descer.

A tendência não foi perdida por Bukele, eleito em 2019 com promessas de combater o crime organizado e melhorar a segurança em seu país devastado pela violência.

Seu movimento em setembro passado para legalizar o Bitcoin em El Salvador atraiu a atenção do mundo e provocou protestos nas ruas da capital San Salvador que também eram sobre as reformas judiciais de seu governo, que os críticos dizem ameaçar a democracia.

Milhares de pessoas saíram às ruas carregando placas de "Não ao Bitcoin" e, a certa altura, queimando um dos caixas eletrônicos de Bitcoin que haviam sido instalados em todo o país.

Mas eles não parecem desencorajar Bukele, que anunciou planos em novembro para construir a primeira "Bitcoin City" do mundo, alimentada por um vulcão e financiada por US$ 1 bilhão em títulos de criptomoedas. Seu governo também aproveitou a queda de preços para comprar bens digitais para o país.